O que é exatamente Doença Renal Crônica?

A Doença Renal Crônica (DRC) é um dano morfológico permanente do rim ou a redução da sua função que persiste pelo período de três meses ou mais. A DRC pode progredir, e, se houver perda de mais de 90% da função renal, o paciente necessitará de Diálise ou Transplante para sobreviver.

O que causa a Doença Renal Crônica?

Na maioria dos casos, a lesão renal é causada por diabetes e hipertensão arterial (pressão alta). Pode afetar pessoas de todas as idades e raças. O risco maior é para as mais idosas, as que sofrem de diabetes e/ou pressão alta, e as que tem casos de DRC na família. Se a pessoa está no grupo de risco, deve obrigatoriamente consultar um nefrologista periodicamente.

Quais são os sintomas e quais os sinais precoces da DRC?

No começo, a DRC não tem sintomas. A pessoa pode perder 90% da função renal sem perceber. Por isso, a prevenção e a detecção precoce são essenciais, pois permitem controlar o avanço da doença e a necessidade de tratamentos mais complexos. A pesquisa de proteína na urina e a dosagem de creatinina no sangue podem dar o diagnóstico.

Os sinais mais comuns são:

Quais são os tipos de doenças renais?

Existem outras doenças além de diabetes e hipertensão que podem causar Doença Renal Crônica. Elas incluem as glomerulonefrites, doenças congênitas e hereditárias, rins policísticos, entre outras causas.

Os rins podem sofrer lesões agudas, secundárias as septicemias, ao uso de substâncias nefrotóxicas, as desidratações, as obstruções do sistema urinário, dentre outras. Nesse caso a função renal é reestabelecida após algum tempo.

Outra situação é a Doença Renal Crônica que além do diabetes e da hipertensão podem ser causadas por glomeronefrites, doenças congênitas e hereditárias, rins policísticos, infecções urinárias e outras causas.

Quais são as funções dos rins?

Eles trabalham duro sem parar, todos os dias, para garantir que todas as substâncias produzidas pelo metabolismo do nosso corpo (ex. ureia, creatinina) sejam filtradas e eliminadas pela urina. Além disso, eles são responsáveis por regular a água e a osmolaridade do nosso corpo, regular o equilíbrio ácido-básico, manter o equilíbrio das substâncias minerais, como sódio, potássio e fósforo, além de liberar hormônios fundamentais para preservar a pressão arterial, a produção de glóbulos vermelhos e a ativação da vitamina D, fundamental para absorver o cálcio.

Como saber se tenho risco aumentado de desenvolver DRC?

Se responder sim a uma destas perguntas, você tem maior chance de desenvolver DRC:

O que devo fazer então?

Procure seu nefrologista ou clínico e peça para ele dosar a sua creatinina e albumina na sua urina. Será o suficiente para saber se você tem DRC.

Perfil do paciente com Doença Renal Crônica

Atualmente, existem em Fortaleza cerca de 1500 portadores de insuficiência renal crônica realizando tratamento dialítico, distribuídos em onze clínicas especializadas na capital e sete no interior do Estado, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará.

O tratamento mais comumente indicado nos casos de insuficiência renal é a hemodiálise. A necessidade de dialisar três vezes por semana, durante um período médio de quatro horas, para a manutenção da sua vida, impõe ao paciente sérias limitações físicas e produz uma relação de dependência direta com a máquina.

Outras opções de tratamento são: Diálise Peritoneal e o Transplante Renal. Este último permite uma melhor reabilitação ao paciente, bem como uma melhor sobrevida.

Para melhor conhecer a realidade do paciente renal crônico, foi realizada uma pesquisa com pacientes que se submetem a tratamento dialítico e, por meio dela, foi possível, então, criar o seguinte perfil dessa população:

A. Sexo:

Dos 40 pacientes renais, sujeitos desta pesquisa, 52,5% são do sexo feminino e 47,5% do sexo masculino e residem tanto na capital como no interior do Estado.

B. Renda:

Dos 40 pacientes, sujeitos desta pesquisa, constatou-se que 55% possuem renda familiar equivalente a um salário mínimo, recebido por meio de aposentaria por invalidez ou do Benefício de Prestação Continuada; 20% não possuem qualquer renda e sobrevivem de doações e do auxílio de parentes e amigos; apenas 25% possuem renda superior a um salário mínimo.

C. Atividade profissional:

Do total de pacientes entrevistados, 75% não trabalham; 25% desenvolvem alguma atividade profissional, mas no mercado informal. Embora 57% dos entrevistados declarem não sofrer qualquer tipo de discriminação, percebe-se que essa discriminação existe, considerando que os dados analisados relativos à atividade profissional desses sujeitos apontaram para as dificuldades enfrentadas na sua inserção no mercado de trabalho formal.

Observou-se, ainda, que, do total de pacientes entrevistados, 75% manifestaram o desejo de possuir seu próprio negócio, sendo que os 25% restantes não declararam esse tipo de interesse. A grande dificuldade pontuada pelos pacientes que manifestaram o desejo de possuir seu próprio negócio foi a financeira.

D. Qualificação profissional:

Considera-se também relevante a ausência de qualificação profissional, pois do total dos entrevistados, 40 pacientes, 82,5% nunca realizaram cursos profissionalizantes. Destes, 57,5% demonstraram interesse em participar de algum curso de formação profissional, vislumbrando a possibilidade de inserção no mercado de trabalho formal.

Geralmente, não possuem emprego formal devido às próprias limitações da doença e seu tratamento. Observamos que boa parte deles deseja criar o próprio negócio. Pelos mesmos motivos acima mencionados e pelo próprio processo de exclusão social, eles não conseguem obter uma qualificação profissional.

Além da condição incapacitante da doença, o paciente sofre com problemas de autoestima devido à constante dependência familiar, que causa sentimento de culpa e pena de si mesmo, pois muitas vezes a própria família não possui conhecimento para entender a situação do paciente renal crônico.

E. Apoio familiar:

Do total de pacientes entrevistados, 90% afirmaram receber apoio da família. No entanto, muitos pacientes declararam que “existe um sentimento de pena para com o paciente renal, falta de paciência das pessoas, falta de esclarecimento com relação à doença, enfim, a sociedade não nos aceita muito bem”. Com base nessas declarações, percebe-se que, embora esses pacientes tenham afirmado receber apoio familiar, muitos deles consideram que esse apoio não é satisfatório.

F. Participação em instituições de apoio:

Do total dos entrevistados, 95% manifestaram o desejo de participar de uma Instituição que tem como proposta desenvolver um trabalho de apoio aos pacientes renais crônicos.

Parte significativa desses pacientes está sendo amparada pela LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), por meio do BPC (Benefício de Prestação Continuada), que lhes concede valor mensal de um salário mínimo para seu sustento. No entanto, considerando-se algumas variáveis da situação socioeconômica desses pacientes, como extrema pobreza, família numerosa etc., constatou-se que o benefício recebido é insuficiente para prover suas necessidades básicas, como também do núcleo familiar no qual estão inseridos.

A outra parte, por não se enquadrar nos requisitos necessários à concessão do Benefício de Prestação Continuada, está totalmente desamparada socialmente, estando excluída da condição de cidadãos com direitos a alimentação, transporte, medicamentos, apoio psicossocial etc.

No âmbito psicossocial, esses pacientes apresentam alterações comportamentais decorrentes da natureza da doença e de diversas perdas, tais como a negação da doença, a adesão a um tratamento doloroso, o abandono da família, o desemprego, a baixa autoestima, entre outros.

Considerando-se os aspectos pertinentes à situação socioeconômica e psicossocial desses pacientes, associados à inexistência de uma entidade no Estado do Ceará que desenvolva atividades voltadas ao amparo dos portadores de insuficiência renal crônica, ficou clara a eminente necessidade da criação e implantação de uma instituição que possa desenvolver um trabalho de apoio a essa clientela, sendo este, portanto, nosso compromisso.